Tudo começou ano passado, quando Juliana Duarte, de 27 anos, percebeu que precisava compartilhar sua experiência (aos 12, ela se mudou para Porto Alegre e enfrentou uma barra pesada no novo colégio) com adolescentes como o seu sobrinho, de 12 anos, que pouco sabia sobre o assunto.
— Como muitos garotos, ele é bombardeado por informações sobre bullying, mas não tinha noção de como combater isso — explica Juliana, que superou seu problema e, hoje, até namora um dos meninos que riam dela na escola.
A atriz convocou os amigos Ana Beatriz Corrêa, Rafael Oliveira, Victor Meirelles e Alisson Silveira, além do roteirista e ator João Pedro Roriz, que transformou as histórias numa palestra com esquetes, que tem rodado escolas brasileiras. A primeira foi apresentada em janeiro, e, de lá para cá, as reações têm deixado os atores de boca aberta. Em uma das encenações, um bully (quem persegue os colegas) de 16 anos reconheceu seu “pecado” na frente da turma e pediu desculpas à vítima.
— Foi uma atitude corajosa. Os dois choraram e se abraçaram — lembra Ana Beatriz.
Para provar que tem muita gente dando a volta por cima, dá só uma conferida na lista de celebs que sofreram com a implicância: Justin Timberlake (tinha espinhas e um cabelo horrível), Taylor Swift (era excluída por ser “estranha”), Robert Pattinson (chegaram a bater nele), Miley Cyrus (colegas criaram o Clube Anti-Miley), Tom Cruise (por ter dislexia, era chamado de burro) e Megan Fox (era ridicularizada por querer ser atriz). E até o astro Justin Bieber está fazendo campanha contra bullying. Ele convidou para subir ao palco durante um show na Austrália, semana passada, Casey Heynes — o estudante que aplicou um golpe digno do game “Street Fighter” num menino que o azucrinava. Dias antes, o cantor havia sido atingido por ovos durante outra apresentação.
— Apesar da injustiça dessas situações, não devemos combater com violência. A sociedade transformou Casey em herói e, mês passado, colhemos o resultado disso, em Realengo. Mais um “herói”, transtornado e solitário, achou o caminho da vingança. Orientamos os alunos que sofrem bullying a relatar tudo a pais e professores — alerta João Pedro.
Quem quiser levar a peça “Bullying — Não quero ir pra escola” ao seu colégio pode entrar em contato pelo 9632-5420 ou 7708-5819.
VÍDEO: Assista a um trecho da palestra dramatizada "Bullying — Não quero ir pra escola"
Atores da peça contam suas histórias
JOÃO PEDRO RORIZ, ator e escritor: Na adolescência foi tachado de ignorante e até “retardado” por não conseguir acompanhar o pensamento dos colegas e não tirar boas notas. As agressões eram psicológicas e físicas. Hoje, João Pedro tem nove livros infantojuvenis publicados. “Isso prova que a adolescência não é para sempre!”, diz.
JULIANA DUARTE, advogada e atriz: Carioca, ela se mudou para Porto Alegre com 12 anos e passou a ser excluída no novo colégio. “Um dia, umas meninas da sala roubaram meu livro de história. Para pegar de volta, tive de me expor no meio de uma roda de 20 pessoas. O livro foi entregue todo rabiscado e dentro de uma camisinha”, relata Juliana, que, ao recorrer os professores, ouviu uma acusação: “As garotas implicam porque você deixa”.
VICTOR MEIRELLES, ator: Os colegas sempre roubavam seu material. “Meu pai dizia que era coisa de menina e mandava eu pegar as coisas de volta”, conta. Numa dessas, Victor levou uma surra dos grandalhões e ainda tomou uns cascudos em casa, por ter ficado sem os livros. A situação só melhorou quando ele passou a andar com a turma das artes marciais.
RAFAEL OLIVEIRA, ator: Depois de aguentar muita zoação na infância, Rafael cresceu e se tornou o mais forte da turma. O jogo, então, virou. “Passei a distribuir maldade para me afirmar. Eu não me reconhecia no outro, achava que era diferente dos nerds”, lembra. Ele diz que abandonou a prática com 16 anos, quando arranjou uma namorada.
Guia rápido antibullying
COMO IDENTIFICAR: Há diferenças entre uma ação nociva e a implicância de amigo. A maior delas é a frequência: o bullying é uma tentativa constante de reduzir o outro.
O QUE FAZER: Conversar com pais e professores; caso eles não deem ouvidos ao problema, é possível recorrer ao Conselho Tutelar. A melhor opção é abrir o jogo. Quem passou por isso garante que o diálogo traz a chance de uma identificação com o outro. Quando nasce o respeito, o bullying acaba.
O QUE NÃO FAZER: Revidar só alimenta o comportamento agressivo. Se isolar também não é a solução, pois aumenta ainda mais a solidão.
CYBERBULLYING: Vem em forma de perfis “fake” nas redes sociais, fotomontagens que ridicularizam o aluno e até “hackeamento” de computadores. É uma ação mais sutil e, por isso, mais difícil de ser detectada pelos pais e professores.
fonte: Extra
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