Educandário Romão Duarte: Instituição marca presente na emprensa

29 abril 2011

Instituição marca presente na emprensa

O Educandário já teve momentos marcantes na mídia nacional. Aqui a reprodução da matéria que foi veiculada na VEJA RIO em 26 de dezembro de 2007.


Corrente solidária

Caridade, generosidade, filantropia, responsabilidade social, beneficência. Há variados termos para designar a forma de agir movida pelo sentimento de ajudar o próximo. Nas páginas a seguir, Veja Rio relata oito histórias de cariocas bem-sucedidos que dedicam boa parte de seu tempo para melhorar a vida de pessoas desassistidas. O ex-jogador Leonardo, agora um alto executivo do campeão mundial Milan, participa ativamente da administração da Gol de Letra, fundação que completará dez anos de atividade em 2008. "É uma parte importantíssima da minha vida", diz ele. Na área médica há profissionais que levam seu conhecimento a regiões periféricas da cidade. Presidente da ONG Médicos Solidários, Hélio Holperin fecha uma vez por semana seu consultório no Jardim Botânico para atender no ambulatório da favela Marcílio Dias, no Complexo da Maré.
A abnegação dessa gente que mantém aceso o espírito natalino o ano todo é recompensada pelo aprendizado recíproco. "Esse trabalho mudou a minha vida", diz ele. Feliz Natal a todos!
Sofia Cerqueira, Alessandra Medina, Fernanda Thedim e Patrick Moraes

A grande família da assistente social
Fernando Lemos
Organização: Educandário Romão Duarte
Número de pessoas atendidas em 2007: 200
Principais ações: abriga órfãos e crianças enviadas pela Vara da Infância e Juventude e promove sua reintegração social, seja por adoção ou retorno à família biológica. Também é creche
Principais ações: abriga órfãos e crianças enviadas pela Vara da Infância e Juventude e promove sua reintegração social, seja por adoção ou retorno à família biológica. Também é creche
Os dois filhos da assistente social Luciana Martins Calaça volta e meia lhe pedem um irmão adotivo. Ainda não foram atendidos, mas não por falta de vontade ou opção. Coordenadora-geral do Educandário Romão Duarte, no Flamengo, Luciana lida diretamente com 200 crianças. Metade é de órfãos e menores em regime de internato levados para lá por decisão da Justiça. A outra metade apenas passa o dia na creche. "É minha segunda casa. Essas crianças e os funcionários tornaram-se uma enorme família", diz ela, que vive o dia-a-dia do educandário desde 1993, quando ainda era universitária e fazia estágio de serviço social. Hoje, aos 33 anos, Luciana responde em tempo integral pela administração do instituto, mantido pela Santa Casa da Misericórdia e situado num casarão do século XVIII que pertenceu à princesa Isabel. Em seu trabalho, Luciana conta com o auxílio de 140 funcionários: enfermeiras, pediatras, dentistas, psicólogos, nutricionistas e fonoaudiólogos. O objetivo é a reintegração social da garotada, seja por adoção, seja pelo retorno à família biológica. "Desenvolvemos atividades para tornar as crianças mais sociáveis", explica. Em novembro, a turminha foi a Copacabana ver o Mundial de Futebol de Praia. "É a minha terapia", afirma. "Todo dia lido com perdas. Aqui passamos a questionar certas futilidades que vemos por aí. É outra realidade."


Uma jogada de craque
Selmy YassudaOrganização: Fundação Gol de Letra
Número de pessoas atendidas em 2007: 1 300
Principais ações: promove atividades complementares à escola nas áreas artística, educacional e esportiva
Contatos:  2609-1155 e www.goldeletra.org.br

A cena do ex-jogador Leonardo comemorando o título mundial do Milan, no domingo 16, é uma imagem-símbolo do que foi 2007 para ele. Dentro e fora de campo, os resultados foram todos positivos. Como diretor-geral da Fundação Milan, ele virou um executivo da benevolência mundo afora. Ajudou a promover ações sociais na África, contra a miséria, e nas escolas italianas, para discutir ética e a violência nos estádios. Dividiu-se entre a Itália, onde mora, e Niterói, sua cidade natal. Leonardo, 38 anos, está sempre conectado com a Fundação Gol de Letra, seja por e-mail e telefone, seja nas visitas constantes ao Brasil. A ONG, criada por ele e pelo também ex-jogador Raí, completa dez anos em 2008. "Ela é uma parte importantíssima da minha vida", diz ele. Com sede em São Paulo, em Niterói e no Rio, a entidade atende 1 300 crianças e é reconhecida pela Unesco como um modelo em sua área de atuação, complementar à escola de base. A prioridade neste ano foi o assentamento do primeiro posto carioca da ONG, no bairro do Caju. "A Gol de Letra abriu nosso conhecimento", afirma Leonardo. "Hoje falamos de responsabilidade social, finanças, ética e desenvolvimento sustentável."

A beleza é para todos
Selmy Yassuda
Organização: Instituto da Pelle 
Número de pessoas atendidas em 2007: 4 500
Principais ações: tratamentos dermatológicos a preços populares
Contato: www.institutodapelle.com.br
Dermatologista de atrizes como Juliana Paes e Mariana Ximenes, a paulistana Paula Bellotti, 36 anos, poderia se contentar com os clientes que freqüentam o seu consultório high-tech de 200 metros quadrados no Leblon e pagam até 300 reais pela consulta. Mas há sete anos a médica reserva pelo menos um dia do mês para dar atenção a uma clientela de baixa renda. No começo, os pacientes eram selecionados na Igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, e levados para sua clínica. Atualmente, o atendimento é feito num consultório que ela montou em Madureira. Se uma aplicação de laser no Leblon não sai por menos de 900 reais, em Madureira o mesmo procedimento custa 120 reais. "As pessoas valorizam mais o tratamento quando pagam por ele. Ainda assim, aqui tudo é negociável", diz Paula. Ela planeja abrir um posto semelhante em Campo Grande no ano que vem. "Fico emocionada quando os pacientes contam que conseguiram um emprego melhor ou que estão com a auto-estima em dia graças ao tratamento."

Alta tecnologia a baixo custo
Fernando Lemos
Organização: Imagem Solidária
Número de pessoas atendidas em 2007: 6 000
Principais ações: realiza exames de imagem, como ressonância magnética, ultra-som e mamografia
Contato: www.imagemsolidaria.com.br
Quando trabalhava no Hospital dos Servidores do Estado, o médicoRomeu Côrtes Domingues diagnosticou com clareza a penúria da saúde pública fluminense. Por falta de manutenção, o aparelho de ressonância magnética virou sucata após um ano de funcionamento. "Eu me desencantei. Como não queria ficar lá só tomando café, pedi demissão", diz. Hoje, aos 44 anos, dono de duas clínicas de diagnóstico por imagem, na Barra e em Ipanema, Romeu não esqueceu o período de servidor público. Neste ano, conseguiu o apoio de empresas, cedeu aparelhos de ressonância magnética, de mamografia e de ultra-som para um ambulatório em Botafogo – mantido pela Associação dos Antigos Alunos dos Padres Jesuítas – e criou o Imagem Solidária. Em sete meses, foram realizados 6 000 exames, com preço bem abaixo do de mercado. A ressonância, exame raro em hospitais públicos e que custa em torno de 900 reais em clínicas privadas, é feita por 130 reais no Imagem Solidária. Os recursos arrecadados são investidos no ambulatório. "Temos 900 pessoas na fila de espera", explica Romeu. "Por isso precisamos nos expandir em 2008."

Uma promessa humanitária
Selmy YassudaOrganização: Instituto Ivo Pitanguy, Santa Casa da Misericórdia
Número de pessoas atendidas em 2007: no consultório, 120 consultas e 24 cirurgias; na Santa Casa, 5.400 consultas e 1.440 cirurgias
Principais ações: cirurgias reparadoras gratuitas; estéticas, a preço de custo
Contatos:  2532-4455/2240-5564
Quando passou no vestibular de medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora, em Minas Gerais, a cirurgiã plástica Bárbara Machado, de 42 anos, fez uma promessa: ajudar quem não pudesse pagar por uma operação. "Minha família é humilde, e essa foi a maneira que encontrei de retribuir a oportunidade que tive de estudar", conta a chefe da equipe médica da Clínica Ivo Pitanguy, do cirurgião plástico mais conhecido do planeta. O médico, que há 58 anos mantém um serviço gratuito de cirurgia na Santa Casa da Misericórdia do Rio, sempre a apoiou. Em seu consultório no Leblon, onde a consulta custa 300 reais, Bárbara atende a cada semana, de graça, cinco pessoas. Quando há indicação de cirurgia, ela mobiliza sua equipe de doze profissionais. "Todo mundo trabalha sem cobrar", conta ela. Os pacientes só pagam as despesas hospitalares. Numa cirurgia de mama, que chega a sair por 20 000 reais, a despesa cai para em torno de 3 000 reais de internação. Os muito pobres, Bárbara encaminha para a Santa Casa: são cerca de 25 casos por mês. "Meu sonho é ter uma clínica para atender crianças com defeitos na face", diz. "Lidar com essas deformidades na infância é muito difícil."

O editor que passa o chapéu
Selmy YassudaOrganização: Instituto Rio
Número de pessoas atendidas em 2007: 4 000
Principais ações: financia projetos de alfabetização, formação profissional e criação de bibliotecas, entre outros. Em 2007 investiu 300.000 reais em 51 projetos na Zona Oeste do Rio
Contatos:  2259-1018 ewww.institutorio.org.br
Ao ver a exposição com imagens de Marilyn Monroe no Museu Maillol, em Paris, o editor Geraldo Jordão Pereira, 69 anos, cismou de trazê-la para o Brasil. Impôs a si mesmo uma condição: o dinheiro arrecadado, com a mostra – que esteve em cartaz no Museu de Arte Moderna até novembro – e com a venda do álbum de fotos, teria de ser destinado ao Instituto Rio, do qual ele é presidente executivo. Geraldo gerencia o fundo, que recolhe doações para ser investidas numa área específica da cidade, a Zona Oeste. A ONG baseia-se em experiências americanas bem-sucedidas. O saldo atual é de 3,5 milhões de reais, verba administrada por um comitê gestor do qual faz parte o economista Armínio Fraga, do Gávea Investimentos – instituição que cuida de investimentos na casa de 10 bilhões de reais. Ao longo de cinco anos, 72 projetos foram financiados pelo Instituto Rio, com mais de 20 000 beneficiados. Jovens aprenderam a confeccionar pranchas de surfe e menores de idade foram retiradas da prostituição. "Eu passo o chapéu para elas não terem de rodar bolsinha", brinca o editor, que é dono da Sextante.

Doutor em solidariedade
Fernando LemosOrganização: Médicos Solidários
Número de pessoas atendidas em 2007: 10 000
Principais ações: atendimento médico e dentário, atividades de prevenção à gravidez na adolescência e projetos de inclusão social
Contatos:  2210-1355 ewww.medicossolidarios.org.br
Tudo caminhava como ele havia sonhado. O consultório tinha uma ótima clientela, a vida estava estruturada, mas o médico homeopata e acupunturista Hélio Holperin, hoje com 48 anos, não se sentia realizado. "O fato de só algumas pessoas terem acesso àquele atendimento me incomodava profundamente", conta. Em 1990, ele decidiu fechar uma vez por semana seu consultório no Jardim Botânico, cruzar a Avenida Brasil e atender de graça no modesto ambulatório da favela Marcílio Dias, no Complexo da Maré. "O nível de gratidão daquelas pessoas, quando percebem que você está ali sem nenhuma obrigação, só por causa delas, é comovente", descreve ele, atual presidente da ONG Médicos Solidários. Ela reúne 120 profissionais de saúde, de 23 especialidades, que prestam serviço em cinqüenta bolsões de pobreza do Rio. Além do atendimento na favela, Holperin vai toda sexta à sede da ONG, no Centro, para trabalhar na captação de recursos e no gerenciamento de projetos. "Esse trabalho mudou a minha vida", diz. "Não dá para ficar inerte vivenciando de perto o sofrimento."

Ela ensinou e aprendeu
Fernando Lemos
Organização: Instituição São Cipriano
Número de pessoas atendidas em 2007: 380
Principais ações: oficinas de artesanato (bijuterias e acessórios de moda), corte e costura, manicure e cabeleireiro e informática
Contatos:  2413-4633 ewww.instituicaosaocipriano.hpg.com.br
O primeiro contato foi difícil. Típica carioca da Zona Sul, a designerFlávia Torres, 41 anos, precisou vencer a resistência das alunas, meninas entre 13 e 18 anos incompletos, moradoras de doze favelas da Zona Oeste. "Fui desafiada", diz. "Tive de provar que não era uma madame pagando os pecados e que tinha algo a ensinar." Estávamos em meados de 1997. Flávia, então casada com um empresário, dispunha de tempo e dominava técnicas de fazer bijuterias. Decidida a ingressar em um trabalho social, criou o curso de artesanato da Instituição São Cipriano, em Campo Grande, uma ONG que oferece atividades profissionalizantes a jovens carentes. Para escoar a produção, montou no ano seguinte a grife Parceria Carioca. Logo depois, ficou viúva. "Aquele trabalho acabou sendo uma luz", lembra. Estímulo para Flávia e um horizonte maior para aquelas meninas. Os braceletes com canutilhos, sementes e cascalhos que elas produziam ganharam as vitrines do mundo. Foram vendidos na Daslu, em São Paulo, nas lojas Neiman Marcus, nos Estados Unidos, e na Harvey Nichols, na Inglaterra. Até a rainha Rania, da Jordânia, comprou várias pulseiras. O artesanato mudou a vida das adolescentes, que hoje conseguem tirar, cada uma, de 200 a 800 reais por mês. Mudou, sobretudo, a vida da própria Flávia. Ao longo destes dez anos, ela firmou parcerias com mais de 200 artesãos e cooperativas. "Vejo que aprendi tanto quanto ensinei."

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